Um dia me disseram que para esquecer um amor é preciso de outro amor.
Particularmente não concordo. Como poderia eu esquecer um amor? Amor não se esquece.
Acredito que há técnicas para não sofrer com a ausência, como tentar se distrair, pensar em outras coisas, viajar,ler um livro interessante, coisas desse tipo. Mas daí emplacar em outro amor, já acho exagerado.
Eu do jeito que sou chata e metódica, ficaria comparando, pontuando, examinando. Coitado do "novo" amor, passaria dias em uma espécie de vidro sendo estudado.
Se preciso de outro amor para esquecer aquele que se foi, o outro já tem uma tarefa definida. E depois? Missão cumprida, adeus?
Sofro com a partida, com a ausência, com o fracasso e a perda.
Sofrer tudo isso dá muito trabalho para eu me dedicar à outro amor assim, tão de repente.
Uma coisa de cada vez. Um dia de cada vez. Um amor por vez.
É assim que as coisas funcionam comigo. Com calma.
Se outro amor fosse assim a solução dos meus problemas amorosos, então que espécie de amor cultivei tanto tempo? Se uma nova conquista, outros braços e carinhos, fizesse minhas lembranças terem outras lembranças, que raio de sentimentos habitaram em mim?
Nã não.
Gosto do que é raro. Do que é imortal enquanto dura. Gosto da idéia de pensar que tenho pensamentos e sentimentos só meus e que jamai sa irão sair de mim.
Um outro amor não entenderia essa minha particularidade.
Querendo ou não eu teria que dividir algumas coisas e para isso sou completamente egoísta e filha única.
Um novo amor não me faria esquecer o meu amor.
O meu amor já é meu e por isso ele conta com toda a especialidade.
O meu amor, apesar de ser apenas uma ficção de algo que eu gostaria de ter, daquilo que eu pensei ter, mas na verdade não tinha é a minha lembrança.
São aqueles meus planos enlatados e congelados. Sao aquelas particularidades e explosões de sentimentos que eu guardei. São aqueles sorrisos e músicas que soam.
É aquele meu segredo que eu cultivo em particular.
Não há mais espaço aqui para outra pessoa.
O meu amor é muito grande.
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